old man- neil young

18 dezembro 2010

- memórias à flor da pele

ouço o barulho da chuva, ouço o bater do teu coração, juntos criam uma melodia harmoniosa e agradável. sinto o calor do teu corpo a percorrer-me, da mesma maneira que as gotas percorrem a janela, deixando para trás o rasto da sua passagem, também tu deixaste o rasto da tua passagem, deixaste em mim um resto de ti.
não quero pensar mais em nós, afinal, já não existe nós, pelo menos não fisicamente, na minha cabeça continua tudo aceso e a ser revivido a cada momento, como se ainda não tivesse acabado.
eu tento, tento não pensar, mas tudo me leva a ti. tudo é comparável a ti ou faz lembrar a tua pessoa, a tua presença : o barulho da chuva, semelhante ao teu sussurrar, o calor proporcionado pela lareira, que faz lembrar o teu abraço, o atrito que o frio provoca na minha face e que me faz arrepiar, tão igual ao efeito provocado pelo teu beijo, o teu cheiro entranhado na minha pele, todas as fotografias, tuas ou não, que me remetem para o melhor tempo da minha vida - o tempo que passei contigo.
só quero que tudo volte a funcionar de forma encadeada, que faça sentido acordar todos os dias com um sorriso, e acreditar que a qualquer momento terei sempre alguém com quem posso contar.
eu sei que isso não vai acontecer, mas
sonhar é bom, é reconfortante e esboça sorrisos.

08 dezembro 2010

- eu queria.

"queridos pais, já sou adulto o suficiente para saber que o pai natal não existe, por isso não vou começar com "querido pai natal" , nem vou dizer que me portei bem o ano inteiro só para receber prendas, porque bem ninguém se porta e prendas sei que vou receber as que quero na mesma, por isso vou começar com a lista:
QUERO ! :
- no mínimo 3 jogos, um de futebol, um de guerra e outro qualquer ;
- um telemóvel novo que este já tem 6 meses ;
- que me paguem a carta de condução de mota e que me comprem uma ;
- MUITA roupa ;
- mais alguma coisa que se lembrem."


nesse natal, o rapaz recebeu tudo o que pediu, e ainda algumas prendas inesperadas, no entanto não sentiu o espírito natalício, não se sentiu completo, havia um essência qualquer que estava em falta, uma parte dele que não estava lá, uma parte substancial, ele não se sentia no auge da felicidade, nem lá perto.
apercebeu-se que afinal, o que conta não é o dinheiro e o que ele pode dar, os pais dele davam-lhe tudo, quase sem ele pedir, quase que adivinhavam o que ele queria. eles só não sabiam era que o que ele lhe davam não era o que ele precisava, era o que ele queria, mas não o que precisava. 
precisava deles por perto, precisava do amor e do afecto deles, precisava de alguém, de um amigo que estivesse com ele sempre que ele precisasse. e isso, não se pede como presente, não se paga para ter um bom amigo.

25 novembro 2010

- fragilidade

sentir que já não sentes, parece que o inverno veio para sempre, a névoa matinal e a geada na rua fazem-te arrepiar por dentro só de pensar no frio que está lá fora, custa sair da cama do quentinhos dos cobertores. só queres sentir que estás em segurança, com alguém ao teu lado, alguém que possas abraçar e adormecer entre os seus braços, é bom, é reconfortante, sabe bem. sabe ainda melhor quando sabemos que esses mesmo braços onde gostamos de nos aconchegar vão estar sempre disponíveis, para nós e não para outra pessoa. bem sabemos que isso não é bem assim, nunca é bem assim, tudo tem um fim, mais tarde ou mais cedo, o sofrimento vem e quanto mais nos habituamos a alguém , mais custa ver essa pessoa partir. não é simplesmente alguém que deixa de estar por perto, é uma parte de nós que se desagrega e deixa uma marca no sítio que ocupou, o coração, onde as "cicatrizes" não curam assim, não curam facilmente, na verdade não curam, melhoram apenas...



dizem que o coração é o órgão mais frágil, e isso não é dito da boca para fora, isso tem um motivo, é de facto o mais delicado, ou talvez não o seja, mas é aquele que mais se reflecte exteriormente quando está afectado, positiva ou negativamente. a mais pequena alteração, o mínimo aumento dos batimentos cardíacos muda o nosso estado de espírito de um forma que , por vezes , nem nós mesmos nos apercebemos. nem nos apercebemos que também magoamos os outros, inconscientemente, não discordo, mas magoamos, e isso torna-se uma espécie de cadeia... ficamos magoados, de uma forma irresponsável e inconsciente magoamos quem está à  nossa volta, que acaba sempre por nos atingir a nós também. é recíproco, ferimos, saímos feridos, não há forma de o evitar, faz parte.

21 novembro 2010

- sorriso dos pequeninos

- lembras-te quando eras pequenino, quando não percebias o que se passava de mal, e se percebesses diziam que estava tudo bem ?
- lembras-te quando achavas que o mundo era cor-de-rosa e sem perigos nem males ?
- lembras-te quando chegavas ao pé de alguém e perguntavas "queres ser meu amigo" , e daí nascia uma linda amizade nua de mentiras ?
- lembras-te quando sorrias sempre, sempre, mesmo que tudo estivesse mal à tua volta ?
  é esse sorriso que devia ser mantido, sempre, durante toda a vida, em vez de desvanecer quando perdemos a pureza de infância, quando percebemos que nem tudo à nossa volta está certo, quando a nossa vida nem sempre segue o caminho correcto. é por causa dos sorrisos inocentes e puros das crianças que o mundo ainda não desabou. 


o mundo é dos 
P-E-Q-U-E-N-I-N-O-S !

- o início

"os ventos que às vezes tiram algo que amamos são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar. 
por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. pois tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre."